domingo, 13 de março de 2011

Encantaria e Jurema

A Encantaria
A Encantaria é o resultado da fusão de todos os rituais existentes no Brasil antes da chegada do homem branco com sua cultura católica fetichista, mais a contribuição africana durante 350 anos. Tendo por tronco básico a ritualística indígena serviu de esteio e receptáculo para as demais tradições importadas. Na Encantaria poderemos facilmente encontrar traços, fragmentos e até grandes remanescências das influências ciganas, africanas, católicas, judaicas, árabes, celtas, gregas, romanas e, principalmente indígena.. Mas o grande sustentáculo da encantaria, é a cultura indígena Tupi-Guarani com sua ritualística maravilhosa, voltada para a flora e fauna com ritmos extasiantes e mágicos. Como “pangelança” no norte, “terecô” no Maranhão, “catimbó” no nordeste, “quimbanda” na Bahia, “macumba” no Rio de Janeiro e São Paulo e, “batuque” no Rio Grande do Sul, a Encantaria está espalhada por todo o Brasil sob diversas formas nomes e rituais.
A Encantaria não tem um ritual iniciático e doutrina específica. Cada casa ou “terreiro” segue sua própria doutrina, estabelecendo suas regras e forma de prática do ritual. Via de regra não estabelece raízes ou tradições sucessórias, a não ser que as tenha.
Os Encantados
Os encantados são as energias mais misteriosas e difíceis de serem definidas. São inicialmente divididas em grupos, a saber: Espíritos que viveram há mais de 100 anos (e até três mil anos), espíritos que não viveram e são etéreos e manifestam-se por holografia ou incorporação, espíritos que viveram com corpo físico e manifestam-se visualmente ou mediante contato com a dimensão paralela (quadrimensional quântica) e, finalmente os anjos das 3 categorias, “penosos”, discordantes e rebeldes, que se manifestam de todas as formas possíveis.
Boiadeiros
No rol dos encantados estão todos que não são Orixás, todos que não são Voduns e todos que já são resultado da miscigenação entre Voduns e Orixás (ambos africanos), e os espíritos da terra, aqueles que já estavam aqui quando o homem branco e o negro chegaram. Vulgarmente são chamados de Caboclos em algumas regiões ou Encantados e mestres outras regiões.Um dos grupos mais presentes e pouco conhecido, é o de Boiadeiro, “O Senhor do Portal do Tempo e das Dimensões”. Atendem por nomes como Navizala, Divizala, Itamaracá, Lua Nova, Campineiro, Gibão de Couro e muitos outros codinomes que escondem sua verdadeira origem e missão.
Por serem “fechados” em suas falas pouco se aprendeu sobre este grupo de encantados até hoje. Mas podemos afirmar que trata-se de uma “falange” poderosíssima, com altos conhecimentos místicos, astronômicos e litúrgicos. São capazes de promover fenômenos indescritíveis se invocados da forma corretas com os “apetrechos” certos.
Durante anos as Casas de Candomblé de Angola (Endembo, Mushi-Congo, Tumba Junçara) e Xambá, costumavam após o término do ‘Shirê” Ti Inkisse (roda de santo de Angola), fazer um toque de louvação à Boiadeiro, toque este que rompia a madrugada com o dia clareando e muita Jenipapina. Isto sem se falar nas cantigas conhecidas por “sutaque” que vêm do fundo da alma e são feitas de improviso.
Jurema
Considerada a mais popular e poderosa ritualística de Encantaria brasileira o ritual da Jurema (hoje bastante miscigenada devido aos fatores já explicados), é no nordeste, tão popular quanto o frevo e o samba no Rio de Janeiro.
Jurema (Acacia Nigra), é a árvore sagrada dos indígenas brasileiros há milênios. Nela concentram-se todos os valores fitoterápicos e místicos de um ritual que de uma certa forma, influenciou todos os demais no Brasil inteiro. Dezenas de encantados e mestres espirituais do ritual da Jurema povoam as “Casas de Nação” (candomblés) os quais não podem negar-lhes “espaço”. A Jurema por ser um ritual totalmente brasileiro é o único que se equipara aos seus congêneres africanos por ter sua própria Raiz e Origem. A raiz, é a árvore com suas folhas, casca a raízes – A origem é Monan, deus supremo dos Tupis,Caetés, Tabajaras, Potiguás, Tapuias, Pataxós e outras nações indígenas. Seus protetores eram (até a chegada do branco), Tupan, Yara, Caapora, Curupira, Boiúna, Mo Boiátatá, Jaguá, Rudá, Carcará e outros mais. Eram de tribos diferentes, mas cultuavam os mesmos deuses aos pés da mesma árvore: JUREMA.
Com a miscigenação entre os indígenas e o branco e entre indígenas e o negro miscigenaram-se também, suas culturas, seus arquétipos, seus usos e costumes. Com o aparecimento “caboclo” (mestiço), apareceram também os encantados resultados desta mestiçagem. O ritual da Jurema, vulgarmente chamado de “Catimbó”, devido ao uso de cachimbos durante a prática, é cercado de preparos e cuidados especiais respeitanto-se prioritariamente a ancestralidade de cada um ou da própria raiz em torno da qual realiza-se a prática. Esta por sua vez, obedece à vínculos locatícios chamados de “cidades da jurema”, cada uma com seu nome. O ritual tanto pode ser feito sobre uma mesa com pode ser feito no chão. As forma são distintas, com objetivos as vezes diferentes.
Os ingredientes e apetrechos usados nos rituais de Jurema são os seguintes:
Cachimbos confeccionados à mão de diferentes troncos de árvores Fumos feitos com folhas de tabaco misturadas com folhas de diferentes árvores (dependendo da intenção do “trabalho”) Maracá (chocalho indígena) para invocar os mestres encantados Pequenos troncos de Jurema sobre os quais acende-se velas (dependendo do número de “Cidades” as quais serão invocadas – (preferencialmente 4 cidades) Sineta de metal nobre para invocação dos Mestres - (no passado era com caxixi) 2 ou mais copos altos e largos com água Toalha vermelha ou branca se for na mesa e vermelha se for no chão.
ALHANDRA, a Cidade Sagrada
A cidade sagrada da Jurema é ALHANDRA na Paraíba, entre João Pessoa e Recife. Este é o MARCO ZERO da Jurema no Brasil e também, centro de romarias de milhares de pessoas anualmente. Dentro de Alhandra estão outras três outras cidades sagradas conhecidas por Acais, Tapuiú e Estiva. Lá também estão os túmulos de vários mestres famosos no Brasil inteiro. Maria do Acais, Damiana Guimarães e Zezinho do Acais, fizeram a fama desta cidade que contém a Jurema de Cangaruçu por todos respeitada neste Brasil. Nenhum mestre da Jurema deve o pode ser tratado como se fosse um Egun ou Exu!

Mestres famosos da Jurema:

Mestra Maria do Acaís (Maria Gonçalves de Barros)
Mestre José Pilintra (José de Aguiar dos Anjos)
Mestre Major do Dia
Mestre Cabeleira (Dom José do Vale)
Mestre Zezinho do Acais
Mestre Cangaruçu
Princesa de Leusa
Mestra Maria Elisiara
Mestra Joana Pé de Chita (Joana Malhada)
Mestra Damiana Guimarães
Mestre Emanoel Maior do Pé da Serra (Emanoel Cavalcante de Albuquerque)
Mestre Manoel Cadete
Mestre Marechal Campo Alegre
Mestre Arcoverde
Mestre Tertuliano
Mestre Malunguinho ( Lider Kilombola)
Mestra Piorra
Mestre Carlos Velho (José Carlos Gonçalves de Barros)
Mestra Maria Solomona
Mestra Judith do Barracão
Mestra Maria Padilha
Mestre Antônio Macieira
Rei Eron
Mestre Cesário
Mestra Jardecilia ou Zefa de Tiíno
Mestre Tandá
Mestra Izabel
Mestre Zé Quati
Mestre Casteliano Gonçalves
Mestra Fortunata do Pina (Baiana do Pina)
Mestre Nêgo do Pão
Mestra Maria Magra
Mestre Candinho
Cidade do Segredo da Jurema

Tambaba

7 Cidades Sagradas

Jurema, Vajucá, Junça, Angico, Aroeira, Manacá e Catucá.
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Toadas (cantigas) de alguns Mestres do Catimbó ou Jurema:

Mestre Malunguinho:

"Malunguinho está nas matas, ele está é abrindo mês a um Rei. Me abra este mesa Malunguinho e tire Espectro do caminho. Espectro aqui, espectro acolá para os inimigos não passar. Espectro aqui Espectro acolá para os inimigos eu derrotar." – (bis)

Mestre Major do Dia:

"Ó meu Major, ó meu Major, meu Major de Cavalaria. És meu major, és meu Major, és Meu Major do Dia." – (bis)

Mestre Zezinho do Acaes:

"De longe venho saindo, de longe venho chegando, tocando a minha viola e as meninas apreciando. Cantando eu venho folgando eu estou. Cantando eu venho da minha cidade. Minha barquinha nova nela eu venho, feita de aroeira que é pau marinho. Quem vem dentro dela é o meu Bom Jesus, de braços abertos, cravado na Cruz. – Aurora é Canindé, Aurora é Canindé."

Mestre Cabeleira - (Zé do Vale)

"Eu venho de porta em porta caindo de déu em deu. E casa que eu conheço é a sombra do meu chapéu. Fecha a porta gente que o Cabeleira e vem. Pegando rapaz, menina também. Pegando rapaz, menina também. Minha mãe sempre dizia, “meu filho tome abenção, meu filho nunca mate, menino pagão” – Subi serra de fogo com alpercata de algodão, se a alpercata pega fogo, o boto desce de pé no chão. E o meu cavalo, é maresia...ele vadeia lá na praia do lençol." – (bis)

Mestra Maria de Elisiara:

"Que campos tão lindos, vejo o meu gado todo espalhado, lá vem Maria de Elisiara, que vem ajuntando o gado. Lá vem Maria de Elisiara, rainha de Salomão, que já foi Mestra e hoje é discípula do nosso querido Rei João. Que Campos lindo e Varandas" – (bis)

Mestra Joana Pé de Chita: - (Joana Malhada)

"Eu sou Joana da cidade de Santa Rita, tenho um Cachimbo respeitado, eu sou Joana Pé de Chita" – (bis)

Mestre Emanuel Maior do Pé da Serra:

"Campos Verdes, meus Campos Verdes, tua luz estou avistando, da cidade de Campos Verdes, Emanuel Maior já vem chegando. Campos Verdes, meus Campos Verdes vejo o meu gado todo espalhado, da cidade de Campos Verdes Emanuel Maior vem ajuntando o gado. É fogo na “Gaita” e toque o “Maracá”, bote água na cuia pra Emanuel Maior tomar."

Mestre Rei dos Ciganos – (Barô Romanó)

"Eu estava sentado na pedra fria, Rei dos Ciganos mandou me chamar. Rei dos Ciganos e a Cabocla Índia, Índia Africana no Jurema. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, Rei dos Ciganos mandou me entregar. Quem traz a flecha é a cabocla Índia, eia arma a flecha que eu vou flechar. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, eia arma a flecha vamos flechar."

Mestre Tertuliano:

"É de Ipanema, é de Ipanema – Tertuliano trabalhando na Jurema" – (bis)

Mestre Marechal Campo Alegre:

"Eu dei quatro volta no mundo e o sino da capela gemeu. Sou eu Marechal Campo Alegre, e o Dono do Mundo sou eu." – (bis)

Mestra Judith do Barracão:

"Judith ó minha Judith, Judith lá do Barracão e os campos de Judith, são campos, são campos. E atira, Judith atira, pedaço "preaca" de mulher. E os campos de Judith são campos, são campos. E atira, Judith atira cabocla negra de Ioruba, e os campos de Judith são campos, são campos. E o bueiro de Judith, é bueiro, é bueiro. E o molambo de Judith, é molambo, é molambo. E o baralho de Judith, é baralho, é baralho."

Mestre Navisala:

"Eu venho de longe, sem conhecer ninguém. Venho colher as rosas que a roseira tem. Mas eu sou boiadeiro, não nego o meu natural. Quem quiser falar comigo, bem vindo seja no Juremal."

Mestra Maria Padilha:

"Que grito foi aquele que o mundo estremeceu suas varandas. Foi de Maria Padilha, e a dona do mundo é ela ó minha varanda."

Mestre Légua Bogi-Buá Trindade:

"Légua, eu sou Légua, Légua Bogi Buá. Mas eu plantei a Légua no tronco do Jurema. – (bis)"

Mestre Zé Pilintra - (José Aguiar dos Anjos) – Ritual de Catimbó raiz Alhandra, Junça, Vajucá.

"Mandei chamar Zé Pilintra, nego do pé derramado e quem mexer com Zé Pilintra, ou fica doido ou vem danado. – (bis) – Seu doutor, seu doutor, Zé Pilintra chegou. Se você não queria, para que lhe chamou. Dilim-Dilim, bravo senhor, dilim-dilá, bravo senhor, Zé Pilintra chegou, bravo senhor para trabalhar. Bravo Senhor."

"Lá na Vila do Cabo, ele é primeiro sem segundo. Só na boca de quem não presta, o Zé Pilintra é vagabundo."

"Zé Pilintra no Reino Eu sou um Rei Real. Zé Pilintra no reino e eu vim trabalhar. Trunfei, Trunfei, Trunfei, Trunfá. Zé Pilintra no Reino, estou no meu Jurema. Trunfariá!"

"Chegou José Pilintra, sou o assombro do mundo inteiro. Sou faísca de "fogo-elétrico", sou trovão do mês de janeiro."

"Na passagem de um rio, Maria me deu a mão. E o prometido é devido, é chegada a ocasião".

"Eu matei meu pai e minha mãe. Jurei padrinho e Jurei Madrinha. Matei um cego lá na igreja e um aleijado lá na linha. Seu doutor, seu doutor bravo senhor, Zé Pilintra sou eu, bravo senhor. Se você não queria, Bravo senhor para que lhe chamou, bravo senhor".







ZÉ PELINTRA, O REI DO CATIMBÓ



O Catimbó é uma prática ritualista e mágica com base na religião católica de busca os seus santos óleos, água benta e outros objetos litúrgicos. É também uma prática Espírita trabalha com a incorporação de Espíritos de desencarnados, chamados Mestres. Através deles realizam-se os trabalhos espirituais, principalmente para a cura, pois esta prática (a cura espiritual) é sua principal finalidade.

Não se encontra no Catimbó, em sua prática e liturgia , os elementos das Nações Africanas. O Catimbó não é “seita” ou um culto afro-brasileiro; não possui as ricas mitologias do culto de matriz africana, pois a primitiva teogonia indígena acabou se perdendo no contato com a base de cultos cristãs e católicas, misturando-se com estas e criando um novo culto, mais magístico do que religioso.

Além da religião católica, Catimbó também é sincrético com relação a outros elementos e componentes europeus, como a utilização do caldeirão e rituais de magias, próximo das práticas mágicas europeus. É básica a utilização das ervas e fundamental nos rituais. Os Mestres se diferenciam em seus trabalhos pela utilização da mesma (cada um utiliza uma determinada erva ou raiz).

O culto se utiliza muitos instrumentos que herdou o catolicismo: os santos católicos, a águas bentas, as orações e rezas; a fumaça do cachimbo e a bebida são alguns elementos herdado da cultura indígena. Encontramos ainda hoje, entre o puro índio e o homem do Nordeste brasileiro, toda aquela antiga relação que levou o nascimento do culto.

O Catimbó de hoje é o resultado da fusão da prática “pagã” dos índios com o catolicismo, sobre qual foi construída sua base religiosa apesar de também ter recebido influência do inicio do desenvolvimento do Movimento Espírita no Brasil e dos cultos de matriz africana.

A forma como a cultura indígena foi sobrepujada pelas outras que chegaram (negra e européia), fez com que o culto de Catimbó fosse aos poucos perdendo sua identidade original (a pajelança) e ganhasse traços mais fortes de outras práticas religiosas.

Da prática Xamanica original foi preservada a utilização das ervas e das fumaças dos cachimbos, utilizada de doenças e também pelo Pajé da tribo para entrar em contato com Espíritos Ancestrais.



O Catimbó é da Jurema Sagrada.



A Jurema é uma das muitas espécies de Acácia nativas do Nordeste brasileiro.

Sempre foram consideradas plantas sagradas por diferentes povos e cultura do mundo. A Jurema Sagrada como tradição mágico-religiosa é originária do Nordeste, mas recebeu influências variadas. É utilizada no culto do Catimbó como meio magístico de entrar em contato com Espíritos que vêm realizar trabalhos de cura espiritual e material.

É uma bebida com a casca da jurema (misturada com vinho e outros elementos que são mantidos em segredo) e tomada pelos Mestres Juremeiros (Mestre do Catimbó).

Os Mestres comandam

as Cerimônias do Catimbó



O termo mestre é de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de médico, ou, segundo Câmara Cascudo, de feiticeiro. Esse é o primeiro elemento de ligação do Catimbó com tradições européias e mostra também o significado do trabalho do mestre: a cura e a magia. De forma geral os Mestres são descritos como espíritos curadores de decadência escrava ou mestiça, que é a principal característica dos habitantes das regiões onde o Catimbó floresceu.

Os Mestres foram pessoas que em vida trabalharam nas lavouras e possuíam conhecimentos de ervas e plantas curativas.

Nesta generalização podemos entender muito também como e porquê do culto do Catimbó.

Em uma região dominada pela pobreza e falta de recursos, a população carece de assistência médica, sendo a doença um temor presente e terrível. Nesse sentido, os Mestres se apresentam como enviados para socorrer e o sofrimento dos menos favorecidos, oferecendo a tradição da medicina das ervas herdadas dos índios, para dar assistência á população.

Mestre Pereira: Tem como fundamento o pau pereira. Este mestre é a evolução do antigo “Antônio Tirano”, dito Mestre sem linha. Ele é uma mostra viva que o Catimbó existe para recuperar almas que perdem os seus caminho na passagem pela terra fria. Antonio Tirano é personagem passado de uma história terrível na qual ele, em momento de desespero, de falta de esperança mesmo que momentânea, matou sua família, de mulher e dois filhos, e depois se matou.

Na hora de sua passagem foi resgatado por um Mestre do Catimbó, que o trouxe para o culto, mesmo ele não tenta sido catimbozeiro em vida.



Mestre Carlos: Rei dos mestres é conhecidíssimo em qualquer sessão de Catimbó. Era um rapaz “farrista”, cercado de mulheres perdidas e gente livre . Filho de Inácio de Oliveira, conhecido feiticeiro. O pai tinha desgosto e não o queria iniciar na feitiçaria. Contam então, que Mestre Carlos “aprendeu sem se ensinar”, quando de uma bebedeira caiu num tronco de jurema e morreu após 3 dias.

Um dia o pai saiu de casa e Carlos, com 13 anos apenas, penetrou no “estado”, tirou objetos imprescindíveis de invocação e saiu com eles. Foi num mato e juremeiras e, iluminado por uma presciência maravilhosa conseguiu abrir uma sessão sozinho e invocar o Mestre.

Mestre Carlos é caracterizado como Entidade alegre, que gosta de brincar durante as sessões ; fala muito com os presente, gesticula, receita garrafadas e dá passes. É especialista em casamento e considerado um Mestre curador.

“OH! SEU ZÉ, QUANDO VEM LÁ DA LAGOA”

TOMA CUIDADO COM O BALANÇO DA CANOA

OH! SEU ZÉ FAÇA TUDO QUE QUISER ...

SÓ NÃO MALTRATE O CORAÇÃO DESSA MULHER”.

A origem de “Seu”



Zé Pelintra

A figura de Zé Pelintra está associada a um grande leque de religião de religião de possessão no Brasil. Provavelmente originário do Catimbó (Câmara Cascudo, 1978), esse arquétipo popularizou-se nos cultos da Jurema, Macumba, Umbanda e Candomblés de Caboclos. Muitas histórias são contadas sobre a vida terrena desse personagem ; em muitas dessas versões ele é apresentado como beberrão e desobediente. Ao morrer, teria ido viver na jurema local mítico, onde ele que “só se salvou de um lado” viria ajudar aos homens no mundo terreno.

Outra versão conta que José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrenta-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Não era mau de coração, muito pelo contrario, era bondoso, principalmente com as mulheres, a quem tratava como rainhas. Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos, a bebida, a farra, as mulheres e porque não, as brigas. Jogava de enganar os incautos.

Nas macumbas do Rio de Janeiro, o seu ZÉ Pelintra é associado á figura do malandro carioca. Os trejeitos se remetem a esse arquétipo da boemia carioca. Zé Pelintra é considerado advogado dos pobres, possui conhecimentos para curas de males físicos e espirituais. Devido á sua extrema simpatia,é adorado quando baixa nos terreiros,canalizando para si a atenção de todos. Em alguns terreiros a figura do seu Zé é manifestada nas giras de Exu como pode ser observado em alguns pontos citados nestes locais:

Tranca Rua e Zé Pelintra

São dois grandes companheiros

Tranca Rua na encruza

E Zé Pelintra no terreiro



A associação do Exu Tranca-Ruas com Zé Pelintra é de grande simbolismo para caracterizar essa correspondência entre esses dois elementos que se manifestam na Umbanda. Em alguns terreiros esse arquétipo popularizou-se (do “Seu Zé”) conquistou espaço que lhe permitiu ter uma gira específica, isolada dos Exus. Nelas, Seu Zé virou malandro carioca e outros Zés associaram-se a ele.

O nome se multiplica. O arquétipo do Seu Zé é percebido em outros malandros com nomes variados, como “Jorge Malandro” (normalmente nomes populares e duplos).



“Seu” Zé Pelintra na Umbanda



Seu Zé chegou á Umbanda por meio do Catimbó, culto do qual é um dos Mestres. A história mais conhecida é a de que Seu Zé Pelintra teve na vida na Terra como ser encartado- “Nascido em Pernambuco , José Gomes da Silva, como era conhecido. ainda jovem foi morar no Rio de Janeiro, onde freqüentou a boemia do famoso bairro da Lapa. Fez amigos entre a malandragem da época e era querido por todos. Perito em jogos de azar (baralho e dados), ganhava de todos os que ousassem desafia-lo. Era exímio no manejo de armas brancas e sempre estava pronto para defender os injustiçados, coisa que hoje em dia só faz espiritualmente”.

Formulou uma bela Falange dos “Malandro da Luz”, tornando-se chefe da Linha dos Malandros, que compreende Espíritos que tiveram vida nos morros cariocas, na boemia da Lapa, nos subúrbios do Rio de janeiro, Bahia e Recife.Trabalha tanto incorporado na direita como na esquerda,pois pode baixar em qualquer gira- Exu, Preto Velho, Mineiro, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro e Caboclo.



ORAÇÃO A ZÉ PELINTRA

Salve Deus, pai criador de todo o universo salve Oxalá, força divina do amor, exemplo vivo de abnegação e carinho. Benedito seja o senhor do BOM FIM.

Salve ZÉ PELINTRA, mensageiro da luz, guia e protetor de todos aqueles que em nome de Jesus Cristo, pratica a caridade. Dai-nos Zé Pelintra, o sentimento suave que se chama misericórdia.

Dai-nos o bom conselho,

Dai-nos apoio a Instrução Espiritual que necessitamos dar aos nossos inimigos, o amor e a misericórdia, que lhe devemos.

Pelo amor do nosso Senhor Jesus Cristo para que todos os homens sejam felizes na terra e possam viver sem amarguras, sem lagrimas e sem ódios.

Tomai-nos ZÉ PELINTRA sob vossa proteção, desviai-nos dos espíritos atrasados e obssessores, enviados por nossos inimigos encarnados e pelo poder das trevas.

Iluminai nosso espírito, nossa alma, nossa inteligência e nosso coração.

Abrasando-nos na chama do vosso amor por nosso PAI OXALÁ.

Valei-nos ZÉ PELINTRA, nessa necessidade.

Concede-nos do vosso auxilio junto a nosso Senhor Jesus Cristo, em favor deste pedido (faça seu pedido)

E que Deus nosso Senhor em sua infinita misericórdia, nos cubra de bênçãos e aumenta a vossa luz e vossa força, pra que mais e mais posa espalhar sobre a terra a caridade de nosso Senhor Jesus Cristo.

Caboclinhos, guerreiros de Jurema

Caboclinhos,
guerreiros da jurema


– Quem são vocês que vêm da jurema ?
– É Taperaguases coberto de pena!

Texto gentilmente enviado por Leonardo Dantas Silva
Os Caboclinhos, ou cabocolinhos como é por vezes chamado, é talvez a mais bela das manifestações populares do Carnaval do Recife. Esses agrupamentos, formados por duas fileiras de mulheres, seguidas depois do estandarte e de duas filas de homens a fazerem evoluções que lembram as danças de espada européias, apresentando vistosos cocares e tangas, confeccionados com penas de ema, colares de contas e dentes de animais, empunhando machadinhas e preácas (conjunto de arco e flecha), dançando agitadamente ao som de um conjunto formado por uma flauta (inúbia), tarol, surdo e chocalhos (caracaxás), é algo inusitado dentro da paisagem carnavalesca da cidade. O colorido de suas vestes, a coreografia de suas danças, a beleza de suas moças em trajes indígenas, vêm enchendo as vistas de todos que assistem suas apresentações; como bem chamou atenção o musicólogo Guerra Peixe em artigo sobre o tema.

É preciso presenciar o Carnaval do Recife para observar como – dentre as diferentes agremiações da cidade – os caboclinhos roubam as atenções da população, seja em virtude de sua indumentária colorida e estranha aos costumes ocidentais (indumentária que tanto impressiona os próprios brasileiros), seja pela singularidade de sua dança e da sua música, ambas agilmente executadas [...] Apesar da animação sempre contagiante dos Frevos; da imponência régia dos Maracatus; do desfilar simétrico de tantos e concorridos Blocos; da eventual participação do engraçado Bumba-meu-boi; das inconseqüentes brincadeiras das chamadas Troças; da artificiosa penetração das modernas escolas de samba, enfim apesar de tudo que possa figurar no cenário, não é simples questão de opinião: os caboclinhos são a presença mais original do Carnaval do Recife.
A presença do culto indígena nas manifestações do Carnaval do Recife é mais freqüente do que se possa imaginar. O misticismo, combinado com o medo do desconhecido, está presente no inconsciente coletivo dos que fazem a grande festa e têm na pajelança a religião dos seus antepassados. Uma boa parte dos que integram as agremiações carnavalescas são seguidores do candomblé e da umbanda , havendo outros que cultuam a linha da jurema, o catimbó como é popularmente conhecida, onde os “senhores mestres” e os caboclos são invocados com a utilização de “pequenos apitos, do maracá, da jurema e do cachimbo”.
Nos cultos indígenas, os chamados Ajunto de Jurema, ou simplesmente jurema, era oferecida pelos pajés e mestres do catimbó certa infusão extraída dos galhos e raízes da jurema-branca, sendo o costume registrado já no século XVIII. Informa Câmara Cascudo que, citando documento de 2 de junho de 1758, uma certidão de óbito do índio Antônio, ocorrido em Natal (RN), o culto da jurema era condenado como prática de feitiçaria: “estava preso por razão do sumário que se fez contra os índios de Mopibu, os quais fizeram Adjunto de Jurema, que se diz supersticioso”.
Em pesquisa no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), Cartório da Inquisição de Lisboa, encontrei o processo n.º 6238 em que figura como denunciado o capitão-mor dos Índios da Povoação de São Miguel dos Barreiros (Pernambuco), Francisco Pessoa, acusado da prática de feitiçaria pela utilização da jurema nos rituais de pajelança. Em carta datada de 15 de janeiro de 1782, o vigário de Sirinhaém, padre Antônio Teixeira Lima, denuncia à Mesa do Santo Ofício que “no lugar chamado Camaleão costumavam se reunir o capitão-mor dos índios, e outros índios, filhos e parentes, soldados da povoação de São Miguel dos Barreiros” para prática de feitiçaria. Todas as noites “cozinhavam uma imagem de Cristo em água de raiz de jurema” e, depois que bebiam daquela infusão, punham a imagem no chão e começavam a saltar e dançar ao seu redor. Terminada a cerimônia tal imagem era enrolada em “folhas de pacavira (Heliconia pendula)” e permanecia no fumeiro da casa do dito capitão-mor. No mesmo processo são denunciados os filhos do capitão-mor, Pascoal, Manuel e Domingos Pessoa, os alferes Antônio Bezerra e Manuel João, todos índios, moradores nas matas do Sítio Camaleão, distante dez léguas da povoação. Acrescenta a testemunha Pedro Roca Barreto que “as pessoas bebem muita jurema e que depois de beberem caem como mortos e os que não têm bebido são os fazem as danças e cantigas”. O fato foi denunciado ao governador José César de Menezes, por carta datada de 28 de novembro de 1782, na qual se pedia a prisão dos implicados.
A presença do culto da jurema nos centros de catimbó, também chamado do Centros de Caboclo, é quase uma constante em algumas manifestações do Carnaval do Recife. Assim se faz presente nos seguidores dos Maracatus de Orquestra, ou Maracatus Rurais, particularmente nos caboclos de lança; nos Maracatus Nação, através dos caboclos de pena (tuxaus) que, segundo Katarina Real, “geralmente esse caboclo é, na vida real, um catimbozeiro amigo da nação africana”. Se a influência do culto ameríndio encontra-se presente nas mais variadas manifestações do Carnaval do Recife, o que dizer dos caboclinhos? Nos caboclinhos a imensa maioria das tribos têm ligações com o culto indígena, motivando a observação de Katarina Real: “tudo indica que há muito mais influência ameríndia ‘legítima’ nesses caboclinhos do que se pensa”.
Por ter sido uma religião perseguida pelas autoridades policiais, particularmente durante o Estado Novo (1937-1945), e até nos anos oitenta eram obrigados a terem no prontuário da Delegacia de Costumes, juntamente com os terreiros de candomblé, os adeptos da jurema sempre esconderam a sua crença; daí a dificuldade de pesquisadores como Guerra Peixe em associar as tribos de caboclinhos ao culto indígena. Segundo ele, “a palavra jurema – a dos Paranaguás – significa selva”.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, edição de 25 de janeiro de 1997, o José Severino dos Santos, o Zé Alfaiate, 74 anos, confessa ao jornalista Jaques Cerqueira, ter fundado a sua tribo, a Sete Flechas, em 1969, em Maceió, transferindo a sua agremiação, em 1971 para o Recife, e que “caboclinhos e terreiros de umbanda são praticamente uma coisa só. Tudo tem caboclo no meio”.
Segundo Manoel Ferreira de Lima, o Manuelzinho, presidente dos Carijós, a sua tribo desfilou pela primeira vez em 5 de março de 1897, tendo sido fundada no local então denominado “Fora de Portas”, nas proximidades do Forte do Brum. Segundo a tradição oral, o seu fundador, estivador Antônio da Costa, costumava nas sessões de jurema incorporar o caboclo Carijó. “Numa dessas manifestações espirituais, recebeu a ordem para fundar um grupo fantasiado de índio e brincar o Carnaval. Aí não pensou duas vezes: em pouco tempo seus caboclos estavam nas ruas do Recife, com penachos coloridos, arcos, flechas e lanças, dançando perré , ao som de tambores, pífanos, gaitas de taboca e ganzá”; na descrição do redator da matéria. Na verdade os instrumentos seriam inúbia (uma espécie de flautim), tarol, surdo e caracaxás ou maracás.
De uma dissidência na Tribo Carijós (1896) surgiu, no ano seguinte, a Tribo Canindés (1897).

Rodrigues de Carvalho, na primeira edição do seu Cancioneiro do Norte (1903), assinala a presença das tribos de caboclinhos durante os dias dedicados ao Carnaval:

Dentre esses folgares típicos, convém destacar os caboclinhos, restos de diversão indígena: dezesseis ou vinte figuras com o rosto pintado de açafrão, ostentando de trajes de cores berrantes, com enfeites de espelhinhos e penachos à cabeça, empunhando arcos com flechas, que são manejados ao som de um tambor e de uma gaita. Simulam um combate, como de tribos inimigas; e em plena luta surge o rei, de capa e espada, cortejado por dois curumins, na gíria do folguedo os perós-mingus”.


Segundo relação de Katarina Real, atuavam o Carnaval do Recife em 1965, as tribos Tupinambás (1906), Taperaguazes (1916), Tabaiares (1937), Tupi (1938), Tupinagés (1955), Tabajaras (1956),Tapirapés (1957), Tabaires (1960) e Tabajara em Folia (1963); com as seguintes características:

Cada grupo de caboclinhos [cerca de 50 figurantes] tem a sua própria estrutura e suas características individuais. Há talvez maiores variações entre os caboclinhos do que em qualquer outro grupo carnavalesco. Existe, entretanto, uma estrutura básica que podemos resumir aqui. O porta-estandarte vem dançando na frente, rodopiando e saltando, logo depois dois cordões de caboclinhos [ou de índias] em filas opostas. No meio, com aparência de majestades, o cacique e a cacica [também chamada de mãe da tribo], ou nos grupos mais ricos, um rei e uma rainha. Eles dançam de vez em quando porém menos energicamente que seus caboclos. Podem também aparecer uma ou duas princesas e um ou dois perós (indiozinhos). Geralmente há também um pajé ou curandeiro [trazendo por vezes uma cobra viva ou outro animal empalhado]. Os dois cordões, de dez a vinte caboclinhos cada um, são liderados por um tenente e um capitão, ou guia e um contraguia. Alguns grupos “botam” uma “curandeira”. Há outros que não têm rainha; e um ou dois sem “rei”.

Ao cacique cabe a direção geral do conjunto, sendo responsável pelos ensaios, manobras coreográficas, pela apresentação da narrativa do auto, sendo a pessoa de maior conhecimento do brinquedo. A índia-chefe, ou mãe da tribo, conhecida popularmente por cacica, é a eventual substituta do chefe da tribo. O pajé é por vezes um velho cacique, ou orientador espiritual do grupo, quase não participa das danças. O matruá é uma espécie de feiticeiro; sua presença já fora registrada por Rodrigues de Carvalho: “acolita tudo isso um tipo de bobo – o matroá – , sarcasmo atirado à lendária boçalidade e estultice do caboclo. Há também o birico, variante daquele tipo”. Caboclos, índios do sexo masculino. Caboclas, índios do sexo feminino. Capitão, chefe de uma das alas da caboclada. Tenente, chefe da segunda ala, ou cordão. Perós, crianças que representam os filhos da tribo. Porta-estandarte, posto ocupado, indiferentemente, por caboclo ou cabocla. Caboclos-de-baque, assim chamados os quatro músicos que compõem a orquestra.
A vestimenta dos caboclinhos é basicamente confeccionada com penas de ema e de outras aves, formando o cocar e, por vezes, fixadas a uma espécie de resplendor (este decorado por lantejoulas e pedrarias), que envolve o rosto, fixado na cabeça do figurante. De penas são também as tangas, que cobrem os calções, e que formam as atacas, espécie de pulseiras usadas nos punhos e nos tornozelos; apresentando-se todos os desfilantes descalços.
No Carnaval de 1998, desfilaram nas ruas do Recife os seguintes caboclinhos: Carijós, Caetés de Goiana, Canindés de Camaragibe, Canindés de Cavaleiro, Canindés de São Lourenço, Canindés do Recife, Oxossi Pena Branca, Sete Flechas, Tabajaras de Camaragibe, Tapirapés, Tribogé, Tupã, Tupi, Arapahos, Carijós de Camaragibe, Carijós Mirim, Flecha Negra, Goianás, Capinawá, Papo Amarelo, Sete Flechas de Goiana, Tabajaras do Recife, Taperaguases, Tapuias Camarás, Tupi Oriental e Uirapuru.


Apetrechos

O estandarte, semelhante ao das demais agremiações carnavalescas, confeccionado em veludo e cetim, bordado com fios de ouro e aplicações de pedrarias, trazendo inscrito o nome da tribo, com as datas de fundação e de confecção.
O apetrecho mais característico dos caboclinhos são as preacas, responsáveis pela marcação do ritmo das danças. Trata-se de um arco e flecha no qual esta última ultrapassa o arco através de um furo, permanecendo presa a um barbante retorcido, que lhe proporciona a elasticidade necessária para o percutir do batedor obtendo, assim, o com característico do conjunto. No ensaio de Guerra Peixe aparece assim descrita: “Também chamada de preaca e arco, consta de arco e flecha de madeira, Quiri (Cordia Goeldiana) [também chamada de frei-jorge] ou Imbiri (Esterhazya esplendida). Compõem-se das seguintes partes : preaca, o arco, que mede 80 cm, contados em linha reta, de ponta a ponta, 4 cm de largura e 5 mm de espessura; lança, ou espigão, a flecha, medindo 40 cm; batedor, suporte [colado ao arco] que reforça o lugar onde a lança percute quando solta, com a medida de 12 cm; e ponteira ou cordel, a corda de fabricação ponteira, de onde lhe vem o nome, que ao todo mede mais de três metros, a fim de dar diversas voltas por entre os extremos da preaca. É apertada até ser obtida a pressão necessária para impulsionar a lança.
Registram-se ainda no conjunto machadinhas de madeira pintadas (com 40 cm de comprimento), setas geralmente trazidas pelas caboclas, colares de contas diversas, sendo o rei e a rainha protegidos por mantos confeccionados em tecido de fios dourados.

3 comentários:

  1. gostaria de alguns pontos cantados do mestre zé perreira , se tiver algum, tem como me passar por e-mail ? sheylamiha@hotmail.com

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  2. gostaria que postassem a musica do mestre manaca

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  3. Pai jeo juremeiro de natal16 de dezembro de 2014 às 16:40

    Todas essas histórias , já tinha visto num livro catimbo do nordeste li e também um jornal no museu de Pernambuco.

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